novembro 30, 2014

O escritor e seus princípios

"Permanecer numa cega, prazerosa e absurda fé na arte" - Juan Carlos Onetti 
Cada escritor estabelece, ao longo da carreira, seu conjunto de princípios. Nem todos o verbalizam ou escrevem. Juan Carlos Onetti, o uruguaio criador da mítica cidade de Santa María (no romance “A Vida Breve”), deixou gravado o seu credo na Revista Marcha, em 28 de julho de 1939:

“Permanecer frente a um tema, ao fragmento de vida que escolhemos como matéria do nosso trabalho, até extrair, dele ou de nós, a essência única e exata. Permanecer frente à vida, sustentando um estado de espírito que nada tenha a ver com o vão e inútil, o fácil, as panelinhas literárias, os elogios mútuos, as bobagens de mesa de café. Permanecer numa cega, prazerosa e absurda fé na arte, como numa tarefa sem sentido explicável, mas que deve ser aceita virilmente, porque sim, como se aceita o destino. Todo o resto é duração física, um pouco fatigante, virtude comum às tartarugas, aos carvalhos e aos erros.”

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