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julho 30, 2011

Pablo Blanco Sarto e o pensamento de Bento XVI

Num país como o nosso, no qual a intelligentsia está, em sua quase absoluta maioria, apartada de qualquer preocupação metafísica, mas se tornou devota das suas próprias religiões marxistas ou niilistas, do relativismo e da crença, tão estreita quanto refutável, de que exclusivamente a ciência pode apresentar respostas aos anseios humanos; neste país, no qual grande parte da produção teológica católica se dedica a meras invencionices sociológicas e se deixa corromper por um secularismo nefasto, diluindo suas reflexões em nome do populismo, da subserviência a políticas de esquerda ou, pior, do desejo consciente de corromper os ensinamentos da Tradição e do Magistério; neste país, em que até mesmo o fato de alguém se autodefinir como católico tornou-se, nos supostos meios intelectuais, motivo de surpresa, mofa ou indignação; num país com tais características, a oportunidade de passar quatro noites estudando a vida e a obra do teólogo Joseph Ratzinger, hoje Papa Bento XVI, surge – perdoem-me o chavão – como um oásis. E foi exatamente desse oásis que pude desfrutar, esta semana, graças à iniciativa do Instituto Internacional de Ciências Sociais, que trouxe ao Brasil o filólogo, teólogo e filósofo padre Pablo Blanco Sarto, professor adjunto do Departamento de Teologia Sistemática da Universidade de Navarra, criador do Foro de Estudos Joseph Ratzinger e autor de vários livros sobre Bento XVI, entre eles, os dois mais recentes: Benedicto XVI – el Papa alemán e La teologia de Joseph Ratzinger: una introducción.

É impossível descrever, sinto muito, as quatro noites de curso, o que demandaria recuperar minhas anotações, mas deixo, a seguir, longa entrevista, em duas partes, com o ilustre professor – pitada do que foi esse período durante o qual nos dedicamos a conhecer melhor o pensamento de um teólogo preparado, durante toda a vida, para oferecer respostas à perplexidade do mundo que, esvaziado de ética e transcendência, precisa voltar a reconhecer Cristo não como uma divindade entre tantas outras ou um profeta assassinado pelo imperialismo romano, mas como centro da história, verdadeiro e único Logos, ao qual devemos corresponder não só com nossa fé, mas com nosso próprio logos, com nossa razão. Como afirma Pablo Blanco Sarto, analisando o pensamento de Bento XVI, “trata-se de fazer alcançar uma nova síntese da modernidade com as melhores contribuições do cristianismo; uma nova síntese entre fé e razão que dê lugar a um Iluminismo pós-moderno”, pois “só a verdade nos torna livres, e só com a razão pode-se alcançar a paz e o respeito à natureza e à dignidade da pessoa”.