Na Folha de S. Paulo de hoje, John Gray faz críticas lúcidas aos principais ícones do comunismo moderno: a dupla Michael Hardt e Antonio Negri e o pretenso filósofo Slavoj Zizek, incluindo todos na categoria de “número de cabaré intelectual”.
Depois de analisar os livros de Hardt e Negri, Gray conclui, implacável: “baboseira do tipo que visa a fazer o leitor se sentir bem, disfarçada de análise neomarxista”. Quanto a Zizek, árduo defensor do comunismo, Gray também acerta: ele “passa por cima do fato de que em nenhum lugar o terror sistemático realizou as metas utópicas do comunismo e que, em vez disso, criou formas novas e piores de tirania, ao mesmo tempo dizimando milhões de pessoas”.
Primores do pensamento a-histórico, ultrarromânticos anacrônicos, Hardt, Negri e Zizek realmente só podem ser lidos assim, como roteiristas de vaudeville. Mas Zizek, principalmente, escreve vaudeville de mau gosto, pois prefere fazer vista grossa aos gulags, à censura, à coerção e ao terror dos regimes comunistas – e, pior, acredita que pisotear cadáveres pode construir um mundo novo, sem injustiças.
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dezembro 20, 2009
março 29, 2009
Leituras
Abro o jornal de domingo em busca de vida inteligente, coisa cada vez mais rara em um país no qual o governo corteja, todos os dias, a mediocridade das massas. Às vezes tenho sorte. A Folha de S. Paulo de hoje, por exemplo, traz um ótimo editorial, apontando a "concepção vingativa e primitiva de Justiça" que tem norteado setores do Judiciário. Tema, aliás, que Reinaldo Azevedo denuncia constantemente: como é possível, por exemplo, prender, intimidar e difamar com base apenas em conjecturas? O Estadão também me conforta: o bom ensaio de John Gray, no Caderno Aliás, oferece uma ampla radiografia da conjuntura atual. Gray é sempre instigante - e poucas coisas são melhores do que ler um pensador independente, cujos motivos para refletir restringem-se ao prazer da reflexão, à ânsia de buscar a verdade. Suely Caldas, no Caderno de Economia, coloca outra vez, sem piedade, o dedo na ferida do PT. Como não se tornar leitor assíduo de uma jornalista que jamais rasteja para o governo, que jamais torna doce a verdade? Finalmente, no Caderno 2, Daniel Piza - exatamente como Jerônimo Teixeira, na Veja - faz lúcida crítica literária, fugindo do oba-oba esquerdista - que contaminou boa parte da mídia nos últimos dias - em torno do novo livro de Chico Buarque. Enfim, um domingo de saldo positivo.
Agora, se me permitem, vou retornar ao meu Philip Roth.
março 16, 2009
Da Rússia czarista aos bolcheviques
Estamos cansados de saber que foi assim? Talvez. Mas há certos números que devem ser relembrados de vez em quando:
"Existe uma enorme disparidade entre o tamanho do aparato penal e de segurança da Rússia czarista e o do que foi instaurado pelos bolcheviques. Em 1895, o Okhrana (Departamento de Polícia) tinha apenas 161 funcionários em tempo integral. Em outubro de 1916, pode ter chegado a um total de 15.000, incluindo funcionários alocados em outros departamentos. Em comparação, em 1919 a Cheka tinha no mínimo 37.000 funcionários, chegando a mais de um quarto de milhão em 1921. Disparidade semelhante se verifica no que diz respeito ao número de execuções. No último período czarista, entre 1866 e 1917, houve aproximadamente 14.000 execuções, enquanto no período soviético inicial, de 1917 a 1923, a Cheka promoveu cerca de 200.000 execuções."
Mais informações - e um texto realmente instigante - em Missa Negra - religião apocalíptica e o fim das utopias, de John Gray (Editora Record).
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