outubro 13, 2006


Orhan Pamuk - 2


A edição de hoje do El País traz um lúcido artigo desse escritor turco que, ontem, foi anunciado como o Prêmio Nobel de Literatura deste ano. Três pontos chamaram-me a atenção: as preocupações do artista cuja origem está presa a um país dividido entre as culturas do Ocidente e do Oriente, ou melhor, entre o Ocidente e o Islã; sua visão sobre as relações que unem um novelista aos seus leitores, não só na Turquia, mas em todo o mundo; e, finalmente, o debate proposto por ele, ao tratar da preocupação - ou do medo - de que as literaturas nacionais deixem de falar das suas próprias tradições, preferindo optar por uma expressão universalista, o que, para alguns, significaria uma inevitável perda de autenticidade. Este último ponto é o que me parece mais próximo da realidade brasileira, onde, em minha opinião, parcela dos escritores insiste em aferrar-se a um regionalismo míope, produzindo uma literatura restrita, limitada. De qualquer forma, este é o artigo.

outubro 12, 2006


Orhan Pamuk


Não conheço o ganhador do Nobel de Literatura deste ano, o turco Orhan Pamuk. Mas interessei-me vivamente por sua obra depois de ler uma entrevista concedida ao jornal El País, da qual coloco, abaixo, um pequeno trecho. Assim, já encomendei o exemplar de um de seus romances, publicado entre nós pela Editora Cia. das Letras, Meu nome é Vermelho.

"Bueno, te vas construyendo una vida de escritor, desde luego, y desde ese punto de vista no eres igual a nadie más. Pero con esto no me estoy refiriendo a esa vanidad narcisista de los autores que se creen únicos. Distingamos entre ese narcisismo, que no comparto ni me interesa, y por otro lado el trabajo que hago. La manera en que yo veo ese trabajo, la manera en que escribo mis novelas, es siempre buscando lo que hay en lo más profundo del ser humano e intentando sacar eso a la superficie, para demostrar que todos somos iguales unos a otros. Sí, es verdad, pertenecemos a comunidades diferentes y a veces enfrentadas, la comunidad de la mezquita o del partido político que sea, pero más allá de eso todos somos muy semejantes. Y para poder sacar esa esencia común a la superficie, hay que escribir más allá de las ideas comunitarias, hay que escribir libre de ellas, desde el sentido básico y universal de lo humano. Y hacer esto no es muy común. De ahí la soledad del escritor, no porque seas un individuo especial y único, sino porque tienes que esforzarte en escribir desde fuera de las miradas limitadoras de las diversas ideologías comunitarias."