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julho 30, 2012

Números ruins numa pesquisa do faz de conta


O lead da matéria sobre a pesquisa Retratos da Leitura no Brasil chama para o que é menos importante. Trata-se de curiosa aula de antijornalismo. A questão dramática, o fato realmente central, começa a aparecer só no quarto parágrafo, quando ficamos sabendo que “apenas 50% dos brasileiros podem ser considerados leitores”.

Quando li o trecho, pensei: “Melhoramos muito!”. De fato, 50% até poderia ser um número alvissareiro... Mas logo me deparei com a triste verdade: a metodologia escolhida pelos pesquisadores é uma ferramenta de criar ficção, pois define como “leitor” pessoas que “leram pelo menos um livro nos três meses precedentes ao questionário da pesquisa”.

Ora, quem leu “pelo menos um livro” três meses antes de responder ao tal questionário não é e nunca foi leitor. Esse pobre infeliz pode receber qualquer outro nome, mas o fato de ter aberto um livro – à força ou por acaso – não passa de um acidente.  

Contudo, estamos no Brasil – e aqui, mesmo partindo de critérios duvidosos, uma pesquisa sobre leitura revela números desalentadores. Saliento dois:

1) No último quatriênio, o número de livros lidos por ano (por pessoa) caiu de 4,7 para 4;

2) 75% da população não frequenta bibliotecas.

Fico pensando como seriam os resultados se a pesquisa tivesse trabalhado com critérios que de fato buscassem a verdade... É um exercício que, desgraçadamente, não exige muita imaginação.