novembro 20, 2014

O pessimismo, remédio ideal para o populismo

O ensaio de Paulo Prado é, como dizia Ortega y Gasset, "uma pupila vigilante aberta sobre a vida"
No Jornal Rascunho deste mês, escrevo sobre Retrato do Brasil — ensaio sobre a tristeza brasileira, de Paulo Prado, livro que pertence à tradição montaigniana, isto é, anseia examinar as questões da realidade filtrando-as numa visão pessoal, repleta de associações inesperadas e problematizadoras.

Como afirmo em meu texto, não se deve esperar, portanto, desse trabalho, interpretações que se pretendam definitivas — mas, sim, intuições capazes de produzir no leitor o mesmo desejo que motivou o ensaísta: não aceitar passivamente sua realidade; ou, como dizia Ortega y Gasset ao comentar as características do ensaio, ser “uma pupila vigilante aberta sobre a vida”.

O pessimismo de Paulo Prado, é verdade, vibra em todo o livro. Mas, hoje, passadas quase duas décadas de governos populistas prontos a comemorar a ignorância e tratar vícios como virtudes heróicas, uma boa dose de visão pessimista poderia garantir um mínimo de realismo ao Brasil.

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