novembro 12, 2014

Escritores e disciplina

No último final de semana, lembrei-me, por várias razões, de Ernest Hemingway. Muitos não sabem que ele escrevia de pé, apoiado a uma espécie de atril ou qualquer outro suporte em que, primeiro, pudesse usar lápis e papel — e depois, quando o texto começasse a fluir com arrebatamento, passar à máquina de escrever. Começava no nascer do sol e prosseguia, sem parar, até algum horário em torno do meio-dia: “Escrevo até chegar a um momento em que, ainda não tendo perdido o gás, posso antecipar o que vem em seguida”. Anotava o número diário de palavras, fazia hora extra quando, por algum motivo, não poderia escrever no dia seguinte — e, manhã após manhã, ao reiniciar o trabalho, reescrevia o que produzira no dia anterior. Questionado sobre seu método, ele não deixa dúvidas: “Disciplina se conquista”.

Esse comportamento enérgico revela muito da personalidade de Hemingway — e também serve como estímulo aos escritores que estão sempre inventando uma desculpa para a própria indolência. A eles, Hemingway dedicou sua ironia: “O fracasso e a covardia bem disfarçada são mais humanos e mais amados”.

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