maio 10, 2014

Hugo von Hofmannsthal no Estábulo de Áugias

A obra de arte

Cada verdadeira obra de arte é a planta do único templo que existe na Terra.

Qual voz o escritor seguirá?

Para aquele que produz não há nenhuma prova mais séria do que procurar reconhecer se o que, de um passo para outro, o coage e previne é o seu verdadeiro gênio ou a voz pusilânime das suas influências: se, ao adquirir a forma, obedece ao que nele há de mais elevado ou de mais baixo.

O absurdo inominável

A função da obra poética é proceder à depuração, estruturação, articulação do material da vida. Na vida reina o absurdo abominável, um furor horrível da matéria – por hereditariedade, coação interior, estupidez, maldade, vileza que no íntimo se radica –, no domínio espiritual uma desordem e inconsistência até ao inacreditável – este é o estábulo de Áugias que tem de ser limpo continuamente e quer ser transformado num templo.

Ir além de si próprio

As pessoas exigem que uma obra poética fale com elas, lhes diga qualquer coisa, com elas se familiarize. Porém, as obras de arte superiores não fazem isso, assim como a Natureza também não se familiariza com as pessoas; a obra está aí e leva o homem para além de si próprio – se ele estiver concentrado e pronto para isso.

Obedecer a que público?

O paradoxo da existência literária é que o público da época deseja uma alimentação diferente da que reclama o público sobreepocal.

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