janeiro 08, 2014

“Nada pode destruir o bom escritor” — William Faulkner

Trechos antológicos da entrevista que Faulkner concedeu a Jean Stein Vanden Heuvel, da Paris Review, em 1956:

Como se tornar um bom romancista

Noventa e nove por cento de talento... noventa e nove por cento de disciplina... noventa e nove por cento de trabalho. Não se deve estar nunca satisfeito com o que se faz. Nunca está tão bom quanto seria possível. Sempre sonhe e mire acima daquilo que você sabe que pode fazer. Não se preocupe apenas em ser melhor que os seus contemporâneos ou predecessores. Tente ser melhor que você mesmo.

A experiência do fracasso

Todos nós fracassamos em realizar nosso sonho de perfeição. De modo que estimo a nós todos com base no nosso esplêndido fracasso em realizar o impossível. Na minha opinião, se eu pudesse escrever toda a minha obra de novo, tenho certeza de que faria melhor, o que é a condição mais saudável para um artista. É por isso que ele continua trabalhando, tentando, tentando de novo; ele acredita que dessa vez irá conseguir, irá realizar o que quer. É claro que não conseguirá, é por isso que essa condição é saudável.

Sucesso, adversidade e pobreza

O escritor não precisa de liberdade econômica. Tudo de que precisa é lápis e papel. Eu nunca soube que algo bom em literatura tivesse se originado da aceitação de uma oferta gratuita de dinheiro. O bom escritor nunca pede auxílio a uma instituição cultural. Está ocupado demais escrevendo alguma coisa. Se não é um escritor de primeira classe, ilude-se dizendo que não tem tempo ou liberdade econômica. [...] As pessoas na verdade têm medo de descobrir que podem suportar muita adversidade e pobreza. Têm medo de descobrir que são mais resistentes do que pensam. Nada pode destruir o bom escritor. A única coisa que pode alterar o bom escritor é a morte. Os bons não têm tempo para pensar no sucesso ou em ganhar dinheiro.

Um comentário:

Unknown disse...

Mais um texto para eu incorporar em minha vida literária! Muito obrigado Rodrigo, seu trabalho é inspirador!