março 03, 2010

Três verdades em sete minutos

É uma pena que a TV Estadão não tenha disponibilizado a íntegra da palestra de Leopoldo Bernucci realizada no evento “Euclides da Cunha 360º”, em agosto de 2009.

Bernucci, que é professor de Literatura Latino-Americana na Universidade da Califórnia e autor de três obras fundamentais sobre Euclides da Cunha – a edição comentada de Os Sertões (Editora Ateliê/Imprensa Oficial do Estado), A imitação dos sentidos (Edusp) e, ao lado de Francisco Foot Hardmann, a edição da Poesia reunida (Unesp) –, toca, no pequeno trecho a que podemos assistir, em três questões fundamentais:

1. Salienta a importância de se ler a obra, mas também de se conhecer o homem, a biografia, retirando (os comentários a seguir são meus) os estudos literários da influência nefasta do estruturalismo – que, além de outros pecados, se pretende exclusivo, superior às demais escolas de interpretação e portador da única chave possível para se analisar e compreender não só o texto, mas todas as formas de linguagem e a própria vida.

2. Ainda que não cite nomes, alerta para o fato de que, nos últimos anos, as leituras da obra euclidiana estão como que fossilizadas, pois excessivamente laudativas, capazes somente de coroá-la com jaculatórias.

3. E, finalmente, cita um aspecto curioso, para dizer o mínimo, do nosso país, no qual se cultua um autor controverso – ou seja, que, ao invés de ser endeusado, deveria ser debatido –, prática, certamente, fruto de uma cultura em que não se aprende a ler de maneira compenetrada e crítica, na qual o fascínio pela palavra escrita se sobrepõe à sua compreensão. Um país estrambótico (adjetivo meu) no qual há mais editoras que livrarias.

Vale a pena acompanhar, atentamente, a fala de Bernucci.

Um comentário:

Pedrita disse...

o estadão ainda usa pouco os recursos da internet. e em geral formatos bem antigos. a folha usa melhor e explora melhor esse universo. tanto q até pouco tempo e não sei se ainda é assim, o estadão está total no twitter. vc segue notícias do jornal todo. enquanto a folha é dividida por editorias. beijos, pedrita