Para Hermann Broch, "uma arte que não é capaz de reproduzir a totalidade do mundo não é arte" |
Hermann Broch
dizia que “uma arte que não é capaz de reproduzir a totalidade do mundo não é
arte”. Esse anseio permanente de completude dirigiu sua vida, uma luta
constante para superar suas contradições, para que sua existência fosse o
reflexo integral do seu pensamento. Talvez por esse motivo ele tenha se
transformado não apenas no genial autor de A Morte de Virgílio, mas também num homem extremamente solidário.
O ensaísta e
professor Erich von Kahler, que foi seu amigo — e também de Albert Einstein e
Thomas Mann —, dizia que “você poderia encontrar Broch perdido numa grande
cidade, armado de guias e horários de trens, atravessando enormes distâncias
nos Estado Unidos, sempre para dar consolo a seus amigos ou pedir favores para
eles. Ou podia ser encontrado também em sua casa, depois de quinze horas de
trabalho diante da máquina de escrever, respondendo com extrema pontualidade à
sua correspondência. Por trás dessa tranqüila aparência, com o cachimbo na boca
e o olhar penetrante, eu via a tempestade de um abismo interior, mesclado de
felicidade e do consolo da sua solidariedade fraternal”.
De fato, há uma
história da tradição rabínica de que Hermann Broch gostava muito e que, de
certa forma, resume sua vida: “Um estrangeiro visita um rabino muito sábio e
lhe pergunta: — Mestre, o que é melhor, a bondade ou a inteligência? O rabino
responde: claro que a inteligência, meu filho, pois ela é o centro da vida. Há
um momento de silêncio. O rabino parece pensar. E antes que o estrangeiro
agradeça e vá embora, o rabino completa: — Mas, se você só tem a inteligência,
sem a bondade, é como se você tivesse a chave do quarto que está no centro da
sua casa, mas tivesse perdido a chave da porta da entrada”.
Esse é Hermann Broch. Ele tinha as duas chaves:
a da inteligência e a da bondade.
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