Há várias formas
de leitura. Lemos para passar o tempo, para escapar de nós mesmos, para nos
afastar de preocupações e angústias. Ou, ao contrário, para nos aproximar ainda
mais do que somos ou desejamos ser. Num dia em que as idéias estão emperradas,
o início do “Endymion”, de John Keats, produz, para mim, o mesmo efeito de uma
viagem ensolarada.
Mas como o
escritor deve ler?
Talvez deseje apenas
o entretenimento, mas o melhor que pode fazer por si mesmo é ler com o lápis na
mão e o caderno de anotações ao lado, decidido a observar a construção de cada
cena, de cada personagem, disposto a ir e voltar nas páginas, como o viajante
que, tendo apenas a bússola e um mapa cheio de falhas, é obrigado a ir e voltar
sobre seus próprios passos.
A leitura inocente não é mais possível para o
escritor que deseja aprender. Sua tarefa é decifrar o segredo dos que o
antecederam. E aprender com eles, sem medo de ser influenciado. Sua
personalidade e o exercício constante da escrita se encarregarão de transformar
as lições que estudou no seu próprio estilo.
3 comentários:
o blog me ajuda muito nesse pensar, para pensar sobre o que li. pensar em voz alta. e melhor ainda, é ler algum comentário que amplia o meu olhar. imagino que um escritor deva ir bem mais fundo. beijos, pedrita
Rodrigo, bom dia. Inexplicável como seus textos fazem todo sentido em minha vida. Pergunto-lhe agora, quais escritores indica para estudarmos a escrita? Se puder indicá-los, ficarei muito grato. Mas, desde já, agradeço.
Um abraço fraternal.
Paulo: Por que vc nao começa com Flaubert? Leia [Madame Bovary] e depois leia [A orgia perpe'tua], de Vargas Llosa. Um abraço e obrigado!
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