No último final de
semana, lembrei-me, por várias razões, de Ernest Hemingway. Muitos não sabem
que ele escrevia de pé, apoiado a uma espécie de atril ou qualquer outro
suporte em que, primeiro, pudesse usar lápis e papel — e depois, quando o texto
começasse a fluir com arrebatamento, passar à máquina de escrever. Começava no
nascer do sol e prosseguia, sem parar, até algum horário em torno do meio-dia:
“Escrevo até chegar a um momento em que, ainda não tendo perdido o gás, posso
antecipar o que vem em seguida”. Anotava o número diário de palavras, fazia
hora extra quando, por algum motivo, não poderia escrever no dia seguinte — e,
manhã após manhã, ao reiniciar o trabalho, reescrevia o que produzira no dia
anterior. Questionado sobre seu método, ele não deixa dúvidas: “Disciplina se
conquista”.
Esse comportamento
enérgico revela muito da personalidade de Hemingway — e também serve como
estímulo aos escritores que estão sempre inventando uma desculpa para a própria
indolência. A eles, Hemingway dedicou sua ironia: “O fracasso e a covardia bem
disfarçada são mais humanos e mais amados”.
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