fevereiro 26, 2008


Tímido acerto de contas com o passado


Na edição deste mês do jornal Rascunho, escrevo sobre o livro O africano, de Jean-Marie Gustave Le Clézio. Uma obra na qual, a cada página, o autor leva adiante a consoladora tarefa de se enganar.

fevereiro 21, 2008


Ironia e credulidade


Os recentes acontecimentos em Cuba e a solicitação de um amigo, para que eu escrevesse um texto sobre a história da ilha, os antecedentes e as conseqüências da Revolução Cubana, fizeram-me recordar de minha adolescência. Eu costumava ouvir, na casa de minha avó, um grande rádio de ondas curtas. Dentre as várias estações internacionais que escutava, muitas vezes sem nada entender, havia a Rádio Havana. O mote do locutor, pleno de orgulho, era: "Rádio Havana, Cuba, território livre da América!". Depois, seguiam-se as rumbas, e mais rumbas, e novamente o bordão. Ao me lembrar disso, escrevi para meu amigo: "Como as ditaduras podem ser irônicas, não é mesmo?". E ele, com absoluta razão, respondeu: "As ditaduras podem ser cínicas e nós podemos ser crédulos". E eu, inclinando a cabeça num gesto de assentimento, concluí: "Ainda bem que acordamos. A vida é melhor assim, com outros sonhos, nascidos da literatura".

fevereiro 18, 2008

A favor do Iluminismo


Extremamente brilhante a argumentação, na Folha de S. Paulo, de Nelson Ascher, criticando as opiniões de Rowan Williams, arcebispo de Canterbury (Cantuária).

Vivemos tempos perigosos - cada vez tenho mais essa certeza. Tudo que é essencial à liberdade humana está em jogo. E os inimigos não estão camuflados sob a bandeira de um partido cujo discurso propõe a igualdade impossível. Não. O perigo vive sob o manto protetor da religião - ou seja, do pior tipo de obscurantismo.