Leituras
Abro o jornal de domingo em busca de vida inteligente, coisa cada vez mais rara em um país no qual o governo corteja, todos os dias, a mediocridade das massas. Às vezes tenho sorte. A Folha de S. Paulo de hoje, por exemplo, traz um ótimo editorial, apontando a "concepção vingativa e primitiva de Justiça" que tem norteado setores do Judiciário. Tema, aliás, que Reinaldo Azevedo denuncia constantemente: como é possível, por exemplo, prender, intimidar e difamar com base apenas em conjecturas? O Estadão também me conforta: o bom ensaio de John Gray, no Caderno Aliás, oferece uma ampla radiografia da conjuntura atual. Gray é sempre instigante - e poucas coisas são melhores do que ler um pensador independente, cujos motivos para refletir restringem-se ao prazer da reflexão, à ânsia de buscar a verdade. Suely Caldas, no Caderno de Economia, coloca outra vez, sem piedade, o dedo na ferida do PT. Como não se tornar leitor assíduo de uma jornalista que jamais rasteja para o governo, que jamais torna doce a verdade? Finalmente, no Caderno 2, Daniel Piza - exatamente como Jerônimo Teixeira, na Veja - faz lúcida crítica literária, fugindo do oba-oba esquerdista - que contaminou boa parte da mídia nos últimos dias - em torno do novo livro de Chico Buarque. Enfim, um domingo de saldo positivo.
Agora, se me permitem, vou retornar ao meu Philip Roth.