Se há um Dia
Nacional do Livro — sim, eu sei, estou atrasado —, ele deve servir,
principalmente, para honrar quem dá vida ao livro: o leitor. Só ele garante a
sobrevivência, não só da obra, não só da memória do autor, mas também do frágil
objeto que, esquecido ou maltratado, tende a desaparecer.
Assim,
homenageando os leitores, minhas dez sugestões de livros, para hoje e sempre:
1. “A morte de
Virgílio” (Hermann Broch) — Numa prosa soberba, o retrato das últimas horas de
vida do escritor que encarna os principais valores da civilização ocidental.
2. “Filoctetes”
(Sófocles) — As qualidades de um homem jamais podem ser separadas de seus
tormentos e de sua mágoa. [Complemento indispensável: o ensaio “Filoctetes: a
ferida e o arco”, de Edmund Wilson.]
3. “O condenado”
(Graham Greene) — O mal contamina tudo; e pode se propagar para além da morte.
4. “Berlim”
(Joseph Roth) — Crônicas, que também são ensaios, geniais.
5. “A provação de
Gilbert Pinfold” (Evelyn Waugh) — Ironia e demência num texto divertidíssimo.
6. “O Agente
Secreto” (Joseph Conrad) — Cinismo e canalhice, quando se trata dos
esquerdistas, não têm limite.
7. “A fera na
selva” (Henry James) — O perigo de não tomar decisões e de se recusar a viver.
8. “Sob o sol de
Satã” (Georges Bernanos) — A terrível materialidade do mal.
9. “O bom soldado”,
Ford Madox Ford — Um narrador-protagonista que, em meio à confusão e à ruína moral, procura a
verdade.