Este mês, no
jornal Rascunho, analiso o romance A todo transe!..., de Emanuel Guimarães. A seguir, coloco os três primeiros
parágrafos do meu ensaio:
A todo transe!…
é um tipo peculiar de roman à clef: à
parte o fato de pertencer a certo elogiável grupo — no qual encontramos, por
exemplo, Os Buddenbrooks ou O sol também se levanta —, a obra de
Emanuel Guimarães, publicada em 1902, permanece atual não apenas graças às qualidades
literárias, mas porque sua “chave”, passados mais de cem anos, pode ser
encontrada em Brasília ou nas assembleias estaduais, como se os políticos
encobertos pelas personagens ainda estivessem vivos, cadáveres embalsamados por
meio de alguma técnica miraculosa, capaz de mantê-los respirando e,
principalmente, cometendo os mesmos delitos.
De fato, a
semelhança entre o romance e as piores páginas do noticiário político chega a
ser assustadora, mas não devemos nos prender a tal característica, pois ela
apequena as virtudes desse livro injustamente esquecido, que nos ensina como a
ficção pode descrever não só uma época, mas, partindo de fatos mesquinhos,
retratar a índole duradoura da classe dirigente e a feliz alienação do povo.
3 comentários:
Homenagem merecida.
Ola, sou Marcio Perfetto e como leitor deste e de outros sites com bons conteúdos (raro, meu amigo, raro), gostaria de saber onde posso comprar um exemplar da obra em questão.
Obrigado, um abaraço.
Prezado Márcio: a Estante Virtual tem alguns exemplares [http://www.estantevirtual.com.br/mod_perl/busca.cgi?alvo=titulo&pchave=todo&orderby=livros_seminovos&memoria_queries=titulo+1v1+%252Btranse&bestante=&bvendor=§ion=&refinar=1&pd=]
Um abraço!
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