Por
motivos de espaço, o texto que escrevi para a orelha do mais recente livro de
Olavo de Carvalho – A filosofia e seu inverso – teve de ser cortado. A seguir, publico a apresentação
original, não só maior, mas, do ponto de vista estilístico e de
exposição do pensamento do meu caro professor, mais completa:
Contra a Weltanschauung pós-moderna
O
que é pensar? Há diferença entre
adquirir cultura filosófica e filosofar? O que separa a filosofia do ato, às
vezes necessário, de discutir com o antifilósofo? O que une Kant às decisões da
ONU em favor de um governo global? Por que o culto da ciência “começa na
ignorância do que seja a razão e culmina no apelo explícito à autoridade do
irracional”?
Essas
e outras questões são respondidas por Olavo de Carvalho em A filosofia e seu inverso, que reúne alguns de seus artigos e
ensaios produzidos nos últimos anos.
Mas
devemos ler Olavo de Carvalho? Há duas respostas possíveis: a dos seus
detratores, melíflua ou estrondosa, mas sempre negativa. E a dos que se recusam
a aceitar o doutrinamento da Weltanschauung
pós-moderna, que, amealhando adeptos entre liberais e esquerdistas, baseia-se
num tripé corruptor: relativismo, hedonismo e ateísmo.
Quem
responde de maneira afirmativa à última pergunta sabe que Olavo de Carvalho não
usa meias palavras. E o faz não apenas pelo deleite de tratar o idioma com
rigor, mas principalmente por saber que, para uma efetiva resistência cultural,
quem deseja se manter lúcido deve possuir um corpo teórico consistente, capaz
de apresentar respostas persuasivas ao mundo de falso desvanecimento do homem
contemporâneo e de advogar em defesa da verdade, o valor mais vilipendiado nos
dias que correm.
Frente
aos ideólogos de plantão, cujo objetivo é nos convencer de que princípios,
crenças, convicções e valores são obstáculos à liberdade, Olavo de Carvalho
denuncia a ditadura do relativismo – a arma que restou aos marxistas-leninistas
diante do fracasso de seu projeto original: a ditadura do proletariado. E o faz
com seu estilo tão característico, que lhe permite, como ele mesmo diz, “transitar
livremente entre o discurso acadêmico e a voz do coração, sem desprezar o
primeiro mas submetendo-o às exigências da segunda”, movido por seu “objetivo
constante, único, quase obsessivo: a busca do Supremo Bem”.
Nada
é pequeno neste livro. A resposta a certos polemistas transforma-se nos degraus
que Olavo de Carvalho transpõe para ensinar arquitetura gótica ou recolocar a
lógica como elemento acessório da produção filosófica. Desmonta o método de
Martial Guéroult, presta tributo à inesquecível figura do jesuíta Stanislavs
Ladusãns – de quem tive a honra de ser aluno na década de 1980 –, rebate Alan
Badiou, Peter Singer, Richard Dawkins e outros pseudoluminares. E o faz seguindo
o método que propõe a seus alunos: espantar-se frente à realidade da
experiência.
Mas não só. Olavo de Carvalho leva-nos mais longe na busca pela sabedoria, salientando que não esquecer nossa condição mortal é o ponto de partida da investigação metafísica. Aqui, ele ultrapassa a filosofia – e assemelha-se aos mestres da espiritualidade monástica, que recomendam a reflexão sobre a própria morte para curar uma das mais nocivas doenças da alma: a acídia.
Mas não só. Olavo de Carvalho leva-nos mais longe na busca pela sabedoria, salientando que não esquecer nossa condição mortal é o ponto de partida da investigação metafísica. Aqui, ele ultrapassa a filosofia – e assemelha-se aos mestres da espiritualidade monástica, que recomendam a reflexão sobre a própria morte para curar uma das mais nocivas doenças da alma: a acídia.
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