Neste mês de
abril, ao ler, no Rascunho, “Sobraram apenas os óculos e o bigode”,
ensaio no qual Marcos Pasche desconstrói Paulo Leminski, percebi, com alegria,
que as coisas realmente começam a mudar. Sentimento, aliás, que já havia
experimentado com Cristiano Ramos, que, no ensaio “O curioso caso de José Lins do Rego” (partes 1 e 2), rebate com
vigor a injusta depreciação crítica do romancista paraibano.
Sucede que, em
meio a trabalhos e leituras, passei por cima da coletânea de críticas que
Marcos Pasche publicou – De pedra e de carne (Editora
Confraria do Vento) – e teve a gentileza de me enviar. Só hoje uni o sanguinário
autor do ensaio sobre Leminski ao nome que está na capa do livro. E, numa
passada de olhos, encontrei no volume, para minha alegria, ao menos dois outros
textos que recomendo a leitura: “Na vitrine do shopping” e “Com rigor e com afeto”. O primeiro, publicado no Rascunho sob o título de “Perto do tempo, longe da arte”, demole
a poesia de Fabrício Corsaletti – confirmando o que Luis Dolhnikoff (outra boa
voz dissonante) já havia percebido e eu próprio afirmara, mas referindo-me à prosa desse que é mais um dos tenros queridinhos da literatura nacional.
Quanto ao
segundo ensaio, “Com rigor e com afeto”,
trata-se da entusiasmada análise de um livro que deveria ser leitura obrigatória
em todas as nossas faculdades de Letras: A literatura em perigo, no qual
Tzvetan Todorov faz a síntese do que começou a perceber em Critique de la critique, de
1984, não por acaso nunca traduzido no Brasil, onde os acadêmicos preferem
acreditar – comportamento, aliás, bem cômodo, para não dizer desonesto – que
Todorov parou de escrever em 1971, ao publicar A poética da prosa, obra ultrapassada e, sob vários aspectos,
renegada pelo autor.
Este post, contudo, não pretende assumir, nas últimas linhas, um tom pessimista. Não. O objetivo é exatamente o de comemorar as vozes críticas que começam a surgir – aliadas, cada uma a seu modo, na luta contra a mesmice.
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