O que Tolentino
chama de “ruidoso abalo símio de 1922” na verdade não teria passado – e
realmente não passou – de “um frisson nosso todo particular, de natureza,
fôlego e alcance decididamente paroquiais. Nada nos deu de verdadeiramente
universal que enriquecesse a língua que se queria subitamente ‘autofágica’ já
que o banquete devorou sobretudo nossa gramática. Pouco se acrescentou à ‘realidade’
além de uma amputação gradual das regências verbais, entre outros gracejos;
fenômenos que constituiriam um escândalo em qualquer língua [...]. Presentinho
de grego dos desossados balbucios populistas dos rapazes de 22…”
Ensaio para ser lido e estudado. Ensaio que devemos guardar dentro da carteira, numa folha dobradinha, para reler nos momentos de desespero, quando, depois de olhar a estante de literatura brasileira nas livrarias ou ler a opinião de certos críticos nos cadernos culturais, quase massacrados pelo amontoado de estultices, devemos, precisamos lembrar que “não somos uma variante afro-cafuza da lusofonia, nosso dilema não é ‘tupi or not tupi’, é, ainda e sempre, ser ou não ser o que de fato somos: uma grande e sempre por si mesma renovada civilização lusófona”.
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