abril 01, 2012
Pantomimas no Domingo de Ramos (ou, se preferirem: Para onde vai a Igreja no Brasil?)
Hoje, porta de entrada para a Semana Santa, fui
brindado com altas doses de populismo durante a missa. Não, não bastaram os
cânticos semelhantes a marchinhas de Carnaval, em alto volume, com os fiéis,
empolgados, quase sambando na procissão. O bom padre, aparentemente certo de
estar fazendo o melhor, primeiro dispensou-se de pronunciar a homilia, pois,
segundo ele, “nada pode substituir o que que cada um sente em seu coração”. Antes
do ofertório, contudo, foi enfático ao falar sobre a importância da coleta para
a Campanha da Fraternidade – e insistiu que fôssemos “generosos”. No Pai Nosso,
inventou um teatrinho alegre, exigindo que todos erguessem a mão direita para o
alto – a fim de “segurar na mão de Jesus” – e com a esquerda apertassem “com
força” o ombro do irmão que estivesse ao lado, pois precisamos “demonstrar como
somos verdadeiramente unidos” (para minha sorte, a pessoa que estava a meu lado
era uma frágil octogenária...). Antes da comunhão, disse que queria ver “todos
sorrindo, todos com alegria”, pois ele e os ministros não estavam “dando veneno”
às pessoas. E insistiu que devemos sempre recusar a comunhão quando o “padre
ou ministro não sorri”. Ainda insatisfeito, recusou-se a dar a bênção final,
alegando que, “depois de tantos anos de sacerdócio”, seu “estoque de bênçãos
tinha se esgotado” – pelo visto, ele realmente acredita que a bênção é obra
pessoal sua, e não fruto da Graça de Deus, da qual ele serve, apenas, como
intermediário. E, respondendo ao apelo do padre, a assembleia novamente se
transformou num rancho de Carnaval. Parti, então, para casa, em busca do silêncio
do meu lar e da homilia de Bento XVI, deixando um padre realizado, certo de ter
feito o melhor, não sem antes que ele, sorrindo, feliz, perguntasse a todos, de
maneira a finalizar dignamente a celebração: “Até que a missa não demorou
muito, né, pessoal?!”. Foram suas últimas e santas palavras.
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2 comentários:
Que coisa, amigo... sinto muito por meu irmao de ministério... Apesar disso, nao desanime... seu comentário me ajudou no meu exame de consciencia de hoje, sobre como celebrei o mistério de Cristo. Deus te abençoe!
Cruzes! E eu achei que às vezes ia a missas mal celebradas... =(
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