Trechos do
ensaio “Ortega y Gasset”, de 1924 (in Ensaios
críticos sobre a literatura européia):
— O relativismo
é, em última análise, ceticismo, e o ceticismo como atitude definitiva é um
suicídio do espírito.
— O pensamento e
a vida não toleram que se contraponha um ao outro; ao contrário, um implica o
outro, condicionando-se mutuamente.
— A vida do
homem tem uma dimensão transcendente, em que sai de si mesma e participa de
algo que não é ela. A vida, dizia Simmel, consiste precisamente em ser mais que
vida.
— O fenômeno da vida
humana tem duas faces: a biológica e a espiritual. Disso resulta um duplo
imperativo: a vida deve ser cultura, mas a cultura tem de ser vital. A vida
inculta é barbárie; a cultura desvitalizada é bizantinismo. A cultura do nosso
tempo perdeu vigência vital. Nosso racionalismo não confia mais na razão. O
mesmo acontece com nossa moral. Uma moral geometricamente perfeita, mas que nos
deixa frios, que não nos incita à ação, é subjetivamente imoral. Dispomos de
uma sistemática da cultura, mas nos faltam os impulsos vitais a ela
correspondentes.
Um comentário:
Curioso que ele denuncie uma moral geométrica, quando nem isso temos mais. Se bem que pode ser que a ausência contemporânea de moral seja consequência do que ele reclama.
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