Já me aconteceu
acreditar ser sincero, e, mais tarde verificar o ter sido muito menos do que
pensava.
“Procuro agir de
acordo com meus pensamentos”. Ótimo. Mas se meus pensamentos não empenham
aquele que sou? Além do mais carrego em mim tendências contrárias. Quando,
portanto, sou sincero? Nas horas de orgulho ou de humildade, de covardia ou de
intrepidez, de desespero ou euforia, de dúvida ou fé, de conformismo ou
revolta, de fraqueza ou força? Pode-se falar em sinceridades sucessivas?
A sinceridade,
essa desconhecida.
Apesar do seu nome incomparável, Lúcifer perdeu o desejo da luz. E sem esse desejo, como ser sincero?
Essa frase de
Mauriac, segundo os dias me abala ou me conforta: “Na origem de um santo há,
não raro, um vício jugulado”.
Em paz comigo
mesmo, eu me incomodaria menos com sinceridade. No Paraíso, a gente deve ser
sincera como se respira.
Sinceros só os
santos, que vivem para amar integralmente.
Desde que me
conheço, para ser aquele que precisava ser, eu te procurei, ó sinceridade,
minha frágil mas indispensável companheira, embora em teu nome eu tenha
(involuntariamente, claro) praticados muitos erros e injustiças, enunciado
coisas inverídicas. Tantas sinceridades demasiadamente relativas, duvidosas,
inglórias nos prejudicaram, a ti e a mim, fizeram com que te escondesses, e eu
não conseguisse mais te identificar.
Nem sempre me reconheço nestas páginas, mas erradamente. É com aquilo que escrevemos sem o saber que nos parecemos.
4 comentários:
O q tem a dizer do sobre Jonathan Franzen, só se fala dele na faculdade, tive vontade de ler. Vc indicaria ?
Amei o blog!
:)
:)
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