As licenças poéticas do autor não conformam apenas um desvio, um afastamento da verdade. Não. Há certa teologia vulgar e sensacionalista do começo ao fim da crônica: uma aula de falsificação. Apelativo e banal, o texto pretende ser poesia – mas não passa de subliteratura. É Frei Betto, hoje, na Folha de S. Paulo:
Meu Carnaval é pura orgia. Porque me recolho na alcova da plena nudez e convoco o trio: o Pai, que é mais Mãe, o Filho e o Espírito Santo. Ébrios de amor, atravessamos as madrugadas em uma despudorada esbórnia espiritual. [...]
Meu Carnaval não tem a elegância das comissões de frente, a majestática apoteose dos carros alegóricos, o esplendor dos concursos em que desfilam imperadores e ninfas. É uma festa na qual o espírito se despe de toda fantasia e se exibe às verdades mais atrozes.
Nele, cubro-me de paetês e de lantejoulas para aliviar o dom inefável de me saber morada divina. [...]
Meu Carnaval se estende por toda a vida, até culminar na apoteose que faz do radicalmente humano sua divina plenitude.
Meu Carnaval é acreditar que o reinado de Momo é prenúncio do futuro que nos aguarda [...].
março 06, 2011
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5 comentários:
Eu gostei dessa "subliteratura".
Que pena, Tibor!
Vulgaridade + Sub-literatura, sim! Faria melhor rezando missa!
"Na verdade, há muitos homens que lêem apenas para não pensar." Lichtenberg
Adorei.
Isso é o mínimo para um “religioso”(???) que é a favor do aborto!!!
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