dezembro 01, 2009

Senso comum e arte

Voltando às minhas leituras de William Hazlitt, coloco a seguir um dos bons trechos do ensaio “Por que as artes não evoluem?”, de 1814. Temo que minha tradução não seja exemplar, mas certamente permitirá aos interessados descobrir um pouco desse crítico infelizmente nunca divulgado no Brasil:

“O princípio do sufrágio universal, por mais aplicável que seja a questões de governo, que têm a ver com os sentimentos e os interesses comuns da sociedade, não é aplicável, de modo algum, aos assuntos do gosto, pois, estes, só podem julgá-los os espíritos mais refinados. A humanidade nunca pôde entender completamente os maiores esforços do gênio, em qualquer uma das artes. Há uma infinidade de belezas e verdades muito além da sua compreensão, que chegam a ser comuns no mundo porque o refinamento e a sublimidade se misturam com outras qualidades, de natureza mais óbvia e vulgar. O gosto constitui o grau mais elevado da sensibilidade, assim como a impressão que atua sobre as mentes mais refinadas, da mesma forma que o gênio é o resultado da força do sentimento e da invenção. Pode-se dizer, no entanto, que o gosto público é suscetível de uma melhora gradual, pois o povo termina fazendo justiça às obras de maior mérito. Semelhante ideia é um erro. A reputação que, ao final, e quase sempre lentamente, se concede às obras de gênio provém da autoridade, não do assentimento popular nem do senso comum do mundo.”

Um comentário:

Fernando Ávila disse...

Cheguei ao seu blog por uma pesquisa na internet. Bacana os textos. Também escrevo crônicas. Se tiver um tempinho, dá uma conferida no meu: http://cotidianoempilulas.blogspot.com/.