dezembro 20, 2009

Cabaré intelectual

Na Folha de S. Paulo de hoje, John Gray faz críticas lúcidas aos principais ícones do comunismo moderno: a dupla Michael Hardt e Antonio Negri e o pretenso filósofo Slavoj Zizek, incluindo todos na categoria de “número de cabaré intelectual”.

Depois de analisar os livros de Hardt e Negri, Gray conclui, implacável: “baboseira do tipo que visa a fazer o leitor se sentir bem, disfarçada de análise neomarxista”. Quanto a Zizek, árduo defensor do comunismo, Gray também acerta: ele “passa por cima do fato de que em nenhum lugar o terror sistemático realizou as metas utópicas do comunismo e que, em vez disso, criou formas novas e piores de tirania, ao mesmo tempo dizimando milhões de pessoas”.

Primores do pensamento a-histórico, ultrarromânticos anacrônicos, Hardt, Negri e Zizek realmente só podem ser lidos assim, como roteiristas de vaudeville. Mas Zizek, principalmente, escreve vaudeville de mau gosto, pois prefere fazer vista grossa aos gulags, à censura, à coerção e ao terror dos regimes comunistas – e, pior, acredita que pisotear cadáveres pode construir um mundo novo, sem injustiças.

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