novembro 22, 2006


Entre o zen e a melancolia


Na última edição do jornal Rascunho, publiquei um ensaio dedicado ao escritor Yasunari Kawabata, de quem a Estação Liberdade tem editado os principais romances, em traduções diretas do japonês.

Kawabata buscou elaborar uma literatura do comedimento, que dissesse menos, mas, por meio das sutilezas que só a cultura japonesa possui, ganhasse uma nova força expressiva. Ele almejou que a experiência da leitura de sua obra produzisse um efeito semelhante ao do exemplo de certo mestre zen: "Antes que um homem estude o zen, as montanhas são para ele montanhas e as águas são águas. Mas quando ele vislumbra a verdade, as montanhas não são mais montanhas, nem as águas são águas. Mais tarde, quando atinge o satori, as montanhas são novamente montanhas e as águas são águas". Ou seja, que seus leitores pudessem vislumbrar a realidade de maneira clara, despida do véu de ilusão com que nossas ânsias e desejos a recobrem.

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