abril 17, 2009
Individualismo
O que é a massa, senão loucura, fanatismo, embriaguez? A massa é sempre cega – e exatamente por isso, servil. O complemento indissociável de toda coletividade é a despersonalização.
Em meus tempos de militância na esquerda, cansei de ver os braços erguendo-se durante as votações, automáticos, hipnotizados pelo discurso passional ou dirigidos pelos acordos de bastidores. Assembléias são arremedos de democracia.
E as aglomerações em praça pública? Um demagogo verbaliza a palavra-chave ou faz o gesto apropriado, e o emocionalismo incita a massa em milésimos de segundos, numa onda incontrolável de autoenganação. É um frenesi, um êxtase, mas que extermina o indivíduo, apaga a consciência, aniquila o juízo crítico.
“O homem pode significar muito para si próprio, e quanto mais ele significa para si, mais significa para os outros”, escreveu Jacob Burckhardt. Ele estava certo. A ciência, a arte e a sabedoria só podem nascer do individualismo; se preservarmos, com todas as forças, a nossa autonomia, a nossa vontade. A multidão é a mentira. (Esta última frase não seria de Kierkegaard?)
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2 comentários:
Exatamente, é Kierkegaard.
É a síntese perfeita do meu pensamento, Diego.
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