junho 18, 2013

No mercado editorial, os medíocres financiam os bons

Michael Krüger, editor da Carl Hanser Verlag, mostra-se mal informado nesta entrevista a Publishing Perspectives. Rápida pesquisa pela Web apresenta edições norte-americanas de Robert Walser da década de 1980, por exemplo... Seria estranho que o maior mercado editorial do mundo, que só perde para o de língua hispânica, ainda não tivesse traduzido Walser.

Os comentários de Krüger também chovem no molhado. Dizer que “a vida é muito curta para se perder tempo com livros ruins” é um lugar-comum – se não para todos, ao menos para a minoria que preza a própria inteligência.

Qual a novidade em afirmar que as pessoas leem livros de segunda categoria, os críticos elogiam obras de terceira e as livrarias estão abarrotadas de subliteratura? Sempre foi assim – e continuará sendo, cada vez mais, principalmente agora, com os sistemas de autopublicação digital.

Sim, “os livros horríveis são mais estimados que os bons” e os editores realmente não gostam de ler a maior parte das obras que publicam. É a lei do mercado. Os medíocres financiam os bons – e garantem a permanência e o desenvolvimento do sistema literário.
 
Um editor experiente não pode se surpreender com o fato de as pessoas amarem os livros ruins. Na verdade, graças a eles, aquele mínimo de boa literatura, no qual encontram-se os clássicos, continua sendo publicado. Nosso agradecimento pela nova tradução de Cervantes ou Platão vai, portanto, para centenas de títulos médios. Aliás, se as editoras publicassem apenas o que é ótimo, ainda estaríamos imprimindo livros com os tipos móveis de Gutenberg.

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