Ainda tenho viva
na lembrança a primeira vez que li Tchekhov. Não recordo para onde eu
viajava, mas comprei o livrinho na velha rodoviária de São Paulo, com seu teto
de acrílico multicolorido, ao lado da Estação Júlio Prestes. “Treze estórias
maravilhosas criadas por um dos maiores gênios da literatura”, prometia a capa. Sentado no ônibus, minutos depois, saquei do bolso a brochura de
papel miserável – e teve início a alegria, o contentamento que jamais
experimentara com nenhum autor brasileiro. Como era possível ser simples e, ao
mesmo tempo, grandioso? Como era possível escrever sem artificialidade e,
principalmente, sem o cinismo machadiano? Havia tristeza, sim, mas não o amargor
do ceticismo. Havia lirismo, sim, mas não a pieguice dos nossos românticos. Tive
certeza – não racional, mas violenta intuição – de que estava diante da
literatura.
Que coisa linda. Que obra de arte genuína e refinada. De enternecer e encantar mesmo aos mais duros corações. Ando meio afastado da ficção, penso que é hora de voltar, uma beleza como essa faz a vida valer a pena.
ResponderExcluirObrigado.
Esse conto me fez, também, voltar no tempo... Obrigada, Rodrigo!
ResponderExcluirConto maravilhoso. Como nos sentimos felizes e seguros para enfrentarmos nossos medos quando estamos com alguém que nos ama!
ResponderExcluirÉ bobo o que vou dizer, mas vou dizer, pena que ela não soube, pena que não houve chance de ficarem juntos.
ResponderExcluirMe interessei por Tchekov depois de ler em "Rumo a Estação Finlândia" que Lênin, ainda muito jovem, após a leitura de "A Enfermaria n. 6" do contista russo ficou tão impresseionado que precisou sair de casa no meio da madrugada para encontrar alguém para uma conversa. Li o conto e realmente achei impactante.
ResponderExcluirPenso a mesma coisa quando comparo os autores obrigatórios da fuvest e um um clássico universal. Esses livros obrigatórios são a causa de muitas pessoas desistiram de ler. Elas pensam que toda literatura é igual a Til e As cidades e as serras.
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