“A literatura não
nasceu quando um rapaz a gritar ‘Lobo! Lobo!’ saiu a correr do vale de
Neanderthal com um grande lobo na sua cola: a literatura nasceu quando um rapaz
apareceu a gritar ‘Lobo! Lobo!’ e não havia lobo nenhum a persegui-lo. O fato
de o pobre diabo, porque mentiu demasiadas vezes, ter acabado por ser comido por
uma fera verdadeira é perfeitamente acidental. Mas eis o que é importante.
Entre o lobo no meio do mato e o lobo no conto há um difuso mediador. Esse
mediador, esse prisma, é a arte da literatura.
[...] A magia da arte estava na sombra do lobo que ele deliberadamente inventou, no seu sonho do lobo; depois a história dos seus truques fez uma boa história. Quando finalmente pereceu, a história dele adquiriu as tonalidades de uma boa lição ao redor da fogueira do acampamento. Mas foi ele o pequeno mago. Foi ele o inventor.”
Nenhum comentário:
Postar um comentário