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"Permanecer numa cega, prazerosa e absurda fé na arte" - Juan Carlos Onetti |
Cada escritor
estabelece, ao longo da carreira, seu conjunto de princípios. Nem todos o
verbalizam ou escrevem. Juan Carlos Onetti, o uruguaio criador da mítica cidade
de Santa María (no romance “A Vida Breve”), deixou gravado o seu credo na Revista Marcha, em 28 de julho de 1939:
“Permanecer frente a um tema, ao fragmento de
vida que escolhemos como matéria do nosso trabalho, até extrair, dele ou de
nós, a essência única e exata. Permanecer frente à vida, sustentando um estado
de espírito que nada tenha a ver com o vão e inútil, o fácil, as panelinhas
literárias, os elogios mútuos, as bobagens de mesa de café. Permanecer numa
cega, prazerosa e absurda fé na arte, como numa tarefa sem sentido explicável,
mas que deve ser aceita virilmente, porque sim, como se aceita o destino. Todo
o resto é duração física, um pouco fatigante, virtude comum às tartarugas, aos
carvalhos e aos erros.”
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