Muitos defendem a
ausência de estilo no texto literário. Em nome dessa tese duvidosa, argumentam
em favor do coloquialismo — um coloquialismo absoluto, não só livre de supostas
artificialidades, mas que incorpore gírias, termos chulos e o calão dos grupos
sociais presentes na narrativa.
A tese tem dois
problemas: quando a linguagem coloquial se impõe, já não expressa mais
naturalidade; tornou-se um estilo. Além disso, a quem interessa, por exemplo, um diálogo que seja apenas a cópia fiel da conversa que acabamos de ouvir no balcão da padaria? A quem interessa uma história
narrada com o vocabulário específico de certo grupo de pessoas, a não ser a
esses mesmos indivíduos? Dito de outra forma, se publicada, tal narrativa
interessará a um número restrito de leitores; ou, por tempo determinado, a
curiosos inocentes; ou por longo tempo, mas apenas a antropólogos, linguistas e
sociólogos, que a utilizarão como documento em suas pesquisas.
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