A literatura não
é apenas o que está nos livros, o que foi publicado, mas também toda a coleção
de incertezas do autor, as correções sem fim, os prazos jamais cumpridos, a
revisão nem sempre minuciosa e, no caso de Marcel Proust, sua eterna angústia,
o avanço da doença, a monumentalidade da obra — e a paciência do editor, Gaston
Gallimard.
O processo
industrial de edição encontra-se hoje num estágio diferente: os revisores
enlouquecem por outros motivos, ninguém precisa decifrar marcações e
hieróglifos como os de Proust. Mas a inquietude do autor, suas decepções e,
muitas vezes, o descuido dos revisores — tudo permanece igual.
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