“A metáfora
ainda não é o conhecimento, não, segue ao conhecimento, porém às vezes o
precede, como um pressentimento ilícito, imperfeito, que somente é utilizado
pelas palavras, e então, ao invés de adentrar-se no conhecimento, se plantará à
frente dele, encobrindo-o, qual biombo escuro.
[...]
Somente por
metáforas pode-se captar a vida, só por metáforas se pode expressar a metáfora;
a cadeia das metáforas não tem fim, e unicamente a morte carece delas, a morte
rumo à qual se estende essa cadeia, como ao seu último elo, que, no entanto, já
se achasse fora dela,... como se todas aquelas metáforas estivessem formadas
exclusivamente em prol da morte, a fim de apanharem, apesar de tudo, a sua
ausência de metáforas, sim, como se só por meio dela a língua pudesse reobter
sua simplicidade original, como se a morte fosse o lugar de nascimento da
linguagem terrenamente singela, do símbolo mais terreno e todavia mais divino: em tudo o que é
linguagem humana sorri a morte.”
— Hermann Broch em A Morte de Virgílio, obra que estudamos
na 8ª aula do curso “Prática de Leitura e Formação do Estilo”.
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