Vários elementos
me impressionam no vídeo abaixo, publicado por um amigo do Facebook: graças à
intimidade que J. R. R. Tolkien alcançou com o cachimbo, acendê-lo é um
conjunto de gestos descontraídos. São poucos segundos, mas o deleite — incontestável,
estampado num crescendo de alegria — atinge seu máximo no olhar que brilha diante
da delicada fumaça, na mão que se agita no ar com delicadeza, no sorriso final.
Contudo, quem
conhece a vida e a obra de Tolkien sabe que há muito mais nesse início de
fumada: vejo um homem que valoriza as pequenas coisas do cotidiano; um homem que
descobriu a mais básica das lições: não fugir de nossos medos só aumenta a
nossa própria força; um homem para quem viver pela fé inclui a chamada a algo maior
do que apenas lutar, de forma covarde, pela autopreservação.
Enquanto a fumaça teima em
não se dissipar, como se partilhasse do sorriso de Tolkien, vejo a satisfação
de um homem consciente de que nossa única tarefa é decidir, com sabedoria, o
que fazer com o tempo que nos é dado — e o principal: que até mesmo uma pequena
pessoa, aparentemente inútil, pode mudar o curso do futuro. Principalmente, é
claro, se ela conceder a si mesma o prazer de fumar um cachimbo.
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