maio 21, 2013

Em defesa da urgente “centralização dos biltres”

Camilo Castelo Branco explica, neste trecho de A Queda dum Anjo, como às vezes cabe ao escritor garantir que os políticos corruptos não sejam esquecidos. De fato, muitos não merecem apenas “escorregar” da vida ao inferno; o mais justo e correto seria que, antes, a execração pública os cobrisse de maldições. Mas isso só acontece em países onde cuida-se que haja “a centralização dos biltres”:   
 
Para leitores entendidos na perversidade humana, a carta de Lopo de Gamboa é uma refinada e suja barganteria, estudada e escrita com um despejo não vulgar em bacharéis d’aqueles sítios. Aquele homem, se tivesse nascido em terras onde há a centralização dos biltres, morria com um nome para lembrança duradoura. Assim, nascido n’aquelas serras, onde não apegou ainda romancista de medrança, se o eu não transplantar para a corja dos birbantes das minhas novelas, o homem escorrega lá da serra no inferno, sem que a execração pública o cubra de maldições.

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