Uma coisa é
estar pessoalmente com Cristo, com o Deus vivo; a outra é que temos
possibilidade de acreditar sempre e só no “nós”. Às vezes, digo que São Paulo
escreveu: “A fé vem da escuta”, não da leitura. Há necessidade também de ler,
mas a fé vem da escuta, isto é, da palavra viva, das palavras que os outros me
dirigem a mim e que posso ouvir; das palavras da Igreja através de todos os
tempos, da palavra que atualmente me dirige por meio dos sacerdotes, dos bispos
e dos irmãos e das irmãs. Faz parte da fé o “tu” do próximo, e faz parte da fé
o “nós”. E precisamente a exercitação no suportar-se mutuamente é muito
importante; aprender a acolher o outro enquanto tal na sua diferença, e
aprender que ele também deve suportar-me a mim na minha diferença, para nos
tornarmos um “nós”, a fim de podermos um dia também na paróquia formar uma
comunidade, chamar as pessoas para entrarem na comunhão da Palavra e caminharem
juntas para o Deus vivo. Faz parte disto o “nós” muito concreto que é o
Seminário, como o será a paróquia, mas sempre também o olhar para mais além do “nós”
concreto e limitado, ou seja, para o grande “nós” da Igreja de todo o lugar e
de todo o tempo, a fim de não fazermos de nós mesmos o critério absoluto.
Quando dizemos “nós somos Igreja”, dizemos certamente a verdade: somos nós, não
uma pessoa qualquer. Mas o “nós” é mais amplo do que o grupo que o está
dizendo. O “nós” é a comunidade inteira dos fiéis: os de hoje e os de todos os
lugares e de todos os tempos. E não me canso de repetir ainda: é verdade que,
na comunidade dos fiéis, existe por assim dizer o juízo da maioria efetiva, mas
não pode jamais haver uma maioria contra os Apóstolos e contra os Santos: isso
seria uma maioria falsa. Nós somos Igreja. Pois bem, sejamo-lo! Sejamo-lo
precisamente no abrirmo-nos ultrapassando-nos a nós mesmos e no estarmos juntos
com os outros.
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