maio 06, 2011

Objeção de consciência e extremismo laicista

A decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), de reconhecer as uniões estáveis de homossexuais, impõe a nós, católicos, o dever de manifestarmos nossa objeção de consciência. Estamos impedidos – moral, religiosa, filosófica e politicamente – de reconhecer a validade dessa decisão e, também, de cumprir qualquer obrigação legal a ela relacionada. Como afirmava o cardeal Alfonso López Trujillo, durante anos presidente do Pontifício Conselho para a Família, “não se podem impor coisas iníquas aos povos. E mais, precisamente porque são iníquas, a Igreja chama com urgência à liberdade de consciência e ao dever de opor-se”.

A posição do Magistério é clara: “Homens e mulheres com tendências homossexuais devem ser acolhidos com respeito, compaixão e delicadeza. Deve evitar-se, para com eles, qualquer atitude de injusta discriminação”. Contudo, “o respeito para com as pessoas homossexuais não pode levar, de modo nenhum, à aprovação do comportamento homossexual ou ao reconhecimento legal das uniões homossexuais”. E acrescenta: “O bem comum exige que as leis reconheçam, favoreçam e protejam a união matrimonial como base da família, célula primária da sociedade. Reconhecer legalmente as uniões homossexuais ou equipará-las ao matrimônio, significaria não só aprovar um comportamento errado, com a consequência de convertê-lo num modelo para a sociedade atual, mas também ofuscar valores fundamentais que fazem parte do patrimônio comum da humanidade”, pois “nas uniões homossexuais estão totalmente ausentes os elementos biológicos e antropológicos do matrimônio e da família, que poderiam dar um fundamento racional ao reconhecimento legal dessas uniões. Estas não se encontram em condição de garantir de modo adequado a procriação e a sobrevivência da espécie humana”.

A decisão do STF, no entanto, criará novos problemas. No que se refere à adoção de filhos, por exemplo, “a falta da bipolaridade sexual cria obstáculos ao desenvolvimento normal das crianças eventualmente inseridas no interior dessas uniões. Falta-lhes, de fato, a experiência da maternidade ou paternidade. Inserir crianças nas uniões homossexuais através da adoção significa, na realidade, praticar a violência sobre essas crianças, no sentido de que se aproveita do seu estado de fraqueza para introduzi-las em ambientes que não favorecem o seu pleno desenvolvimento humano”.

Para aqueles que desejarem se aprofundar no tema da adoção, recomendo as entrevistas com Dale O’Leary, escritora e pesquisadora da Associação Médica Católica dos Estados Unidos, e Claudia Navarini, professora da Faculdade de Bioética do Ateneu Pontifício Regina Apostolorum. E também o ensaio Intergenerational Sexual Contact: A Continuum Model of Participants and Experiences”, de Joan A. Nelson. (Ver nota logo abaixo.)

Extremismo laicista

Na verdade, o resultado da votação do Supremo, composto de juízes nomeados por governos mais ou menos esquerdistas, faz parte de um “movimento cultural e ideológico que busca instalar na agenda pública projetos que desnaturalizam as instituições”, como afirma Ignacio Arsuaga Rato, líder da ONG católica HazteOir. Assim, repete-se no Brasil o que acontece na Argentina e na Espanha: a internacional socialista pretende “instalar o relativismo numa ampla vertente de formas; acusar de violentos e extremistas todos aqueles que defendem valores cristãos; e impor uma nova ordem social”, em que nem mesmo restrições à liberdade de culto podem ser desconsideradas.

É o que nos espera – e contra o que devemos lutar: a imposição de um discurso único, totalitário, que vê nossas tradições culturais e nossos valores religiosos como males que precisam ser exterminados.

Nota: Recomendo também este ótimo artigo de monsenhor Ignacio Barreiro Carámbula: “¿Por qué la adopción homosexual no es un derecho?”. 

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