Perguntado por Miguel Conde, de O Globo, se hoje os críticos receiam fazer julgamentos de valor, Karl Erik Schøllhammer, professor de literatura da PUC-RJ, responde diretamente:
“As pessoas não têm coragem. A dura verdade é essa. Existe no Brasil uma cordialidade exagerada entre crítica e escritor, que é ambígua, mas que é mantida assim: o crítico diz para o autor ‘isso é muito bom’, mas vira a cabeça e diz ‘isso é uma droga’. Essa cordialidade, essa falsa afinidade, essa conivência bloqueiam a franqueza na discussão. Com poucas exceções. Existem algumas exceções na crítica brasileira.”
É o que acabo de ler no Café Colombo. E só posso concordar plenamente com Karl Erik Schøllhammer.
Está na hora de mudar e para isso já temos você.
ResponderExcluirSó a discussão franca, minha querida Angela, fará a nossa literatura melhorar, amadurecer. Não é mais aceitável que, em nome de uma falsa cordialidade, a crítica literária continue tratando como gênios aqueles que são, quando muito, medianos. Mas chegaremos lá, tenho certeza.
ResponderExcluirGrande abraço e obrigado pela visita!
É uma verdade realmente bem maçante, meu amigo.
ResponderExcluirPosso acrescentar que não é só no meio literário que isso acontece. No meio musical e de dança, onde também circulo,também valem as regras de uma cordialidade totalmente fake, sem nenhum espaço para opiniões sinceras - ainda que elegantemente expressas. (O que é bem diferente do que ocorre entre americanos e alemães, que são os que conheço melhor, para não meter todos os europeus no mesmo balaio.)
Creio que seja uma característica cultural do brasileiro, nada fácil de ser mudada. Grande abraço.
Você, infelizmente, tem razão, meu caro Marcelo. Grande abraço!
ResponderExcluirAcredito que a ausência de uma crítica embasada e honesta se deva, em muitos casos, à falta de referências vivas que nos indique, que nos evidencie o que seja de fato a "arte", e também de uma inconfessada falta de fé que esse fenômeno (a arte autêntica) possa vir a nos revisitar nesses tempos de triste indigência criativa, onde o saber pensar, com critério e elevação (quesito indispensável para qualquer artista) perdeu o status, atropelado como tem sido pela "formatação" prévia de todo e qualquer "conhecimento" que se julgue engenhoso e com suficiente potencial apelativo para alimentar esses já empanturrados baixos-instintos: violência gratuita, promiscuidade mental, lascivia, deboche, ressentimento, etcétera.
ResponderExcluirVocê tem razão, Narval: se a crítica não oferecer parâmetros, quem oferecerá? Grande abraço!
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