Tzvetan Todorov, em entrevista publicada na Bravo! deste mês, nos presenteia com ideias lúcidas, infelizmente desprezadas pela maioria dos acadêmicos e críticos literários brasileiros:
“O bom crítico – e também o bom professor – deveria recorrer a toda sorte de ferramentas para desvendar o sentido da obra literária, de maneira ampla. Esses instrumentos são conhecimentos históricos, conhecimentos linguísticos, análise formal, análise do contexto social, teoria psicológica. São todos bem-vindos, desde que obedeçam à condição essencial de estar submetidos à pesquisa do sentido, fugindo da análise gratuita”.
Diante dessa visão equilibrada – para a qual Todorov evoluiu depois de superar sua adesão irrestrita ao estruturalismo –, lembrei-me de Wilson Martins, que defendia pontos de vista semelhantes e que, ao fazer crítica literária, sempre rejeitou o que chamava de “monismo de julgamento”, afirmando que a crítica jamais poderia se “confinar nos princípios e métodos de uma determinada família espiritual, mas exigiria, ao contrário, a contribuição simultânea de todas elas”.
Wilson Martins pagou um alto preço por caminhar na contramão dos modismos que, no Brasil, a maioria segue sem refletir. Mas, vejam que ironia, Todorov, antes um monista, veio ao seu encontro.
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