Scrivener é, como dizem seus criadores, a libertação do caos |
Se você está
acorrentado à lógica do Word, certamente não entenderá os benefícios que
Scrivener tem a oferecer.
No começo, eu
mesmo não entendi. Mas depois de uma semana lendo artigos na Web e trabalhando
com esse incrível processador de textos, acredite, o Word tornou-se uma pintura
na Gruta de Lascaux: ainda tem alguma importância, mas muito limitada.
O programa Word
nos acostumou a ver nossos textos como produções isoladas — e não como eles
realmente são: criações interdependentes.
Imagine que você
está escrevendo um livro dividido em vários capítulos. Que opções de
organização o Word lhe oferece? Você pode abrir uma pasta com o nome do seu
livro — e incluir nela os capítulos numerados. Ou pode abrir um único arquivo:
e escrever seu livro numa longa seqüência.
Pense nessas duas
opções.
Imagine você
trabalhando num livro — ficção ou não ficção — com 20 capítulos, cada capítulo
com 15 ou 30 páginas.
Muito bem. Agora
responda:
— Onde estão as
anotações que você usa para cada capítulo?
— O que você tem
de fazer quando está no Capítulo 19, quer comparar um trecho com o Capítulo 3 e
também verificar se a mesma informação não foi repetida no Capítulo 8?
— Quantos arquivos
do mesmo capítulo você precisa fazer se quiser escrever versões diferentes do
seu trabalho e, depois, compará-las?
— Como você
consegue ter uma visão completa do conjunto de sua produção, incluindo a
seqüência dos capítulos, o tamanho de cada um, os temas enfocados, as
diferentes versões de cada capítulo e, principalmente, os metadados?
Sim, os metadados!
Ou seja, todos os trechos em que a personagem C aparece; ou todos os trechos em
que a personagem D interage com a personagem A. Ou, se você está escrevendo um
ensaio, ter à mão a recorrência de certas idéias — e também a relação delas com
outras informações.
As perguntas
parecem complicadas apenas por um motivo: você está preso à lógica do Word. Uma
lógica linear, que só permite que você pense e escreva como se desenrolasse um
imenso rolo, no qual as folhas de papiro ou pergaminho estão emendadas.
A lógica de
Scrivener não é linear. E por um simples motivo: ele foi pensado para
escritores, para profissionais da escrita — e não apenas para quem precisa
produzir um ou mais textos.
Para Scrivener,
não existem apenas “textos” ou apenas “arquivos” — mas, sim, projetos.
Quando você abre seu projeto em Scrivener encontra três campos: o “Fichário” (à esquerda), o “Editor”
(no centro) e o “Inspetor” (à direita):
No fichário você
organiza os capítulos ou os diferentes textos do seu projeto, dividindo-os da
forma que considerar melhor. Por exemplo: tenho todos os posts do meu blog num
único projeto, seguindo uma primeira grande divisão, por anos — e depois
subdivisões por meses.
Na parte inferior
do Fichário você encontra a pasta “Pesquisa”, que aceita arquivos de imagem,
PDFs e outros textos que possam ajudá-lo de alguma maneira.
No “Editor”, o lugar
em que você escreve, Scrivener oferece três formas de visualização do seu
trabalho:
— Um único
arquivo:
— Um quadro de
cortiça:
— Um esboçador em
que você visualiza todos os capítulos numa ordem contínua:
No “Inspetor” você
tem todas as notas do capítulo (ou, se preferir, as notas mais gerais do
projeto), as referências bibliográficas, as palavras-chave, os metadados (que
você pode personalizar como quiser), as imagens de todas as versões de um mesmo
capítulo (para que você possa compará-las), além das notas de rodapé e dos
comentários que você produz por diferentes motivos.
Há muito, muito
mais.
Quando você coloca
o ponto final no seu livro, pode exportá-lo com todos os capítulos reunidos na
ordem que você desejar (incluindo notas, cabeçalhos, folha de rosto, etc.) E
pode exportá-lo como Word, PDF ou um e-book pronto para ser publicado no
formato Kindle (além de outras opções).
E se você gosta de
escrever sem distrações visuais, pode optar pela “tela cheia”:
Você pode baixar
uma versão completa de Scrivener e experimentar o programa durante 30 dias (ele
vem com dois tutoriais, um deles autoexplicativo — ambos em inglês, mas numa
linguagem clara e direta, que, se você precisar, o tradutor do Google não
complicará).
Scrivener, como dizem seus criadores, é a
libertação do caos.
Nossa, que legal, Rodrigo! Fiquei super interessada, obrigada pela dica!
ResponderExcluirBaixei aqui. Vou experimentar!
ResponderExcluirTKS
Uma sugestão, Cláudio: acompanhe, passo a passo, o tutorial. Um abraço!
ResponderExcluirEspero que você goste, Carla! Carinhoso abraço!
ResponderExcluirMuito obrigado pela excelente dica, Rodrigo.
ResponderExcluirUm grande abraço!
É um programa incrível, José Paes. Não deixe de fazer todo o tutorial interativo. Um abraço!
ResponderExcluirRodrigo,
ResponderExcluirO programa tem função de salvar os arquivos em formato doc e pdf?
OBrigado.
Rerisson:
ResponderExcluir"Salvar" como estamos acostumados a fazer no Word, não. Ele "salva" num formato específico do programa. Mas você pode exportar para vários formatos, incluindo PDF, doc, docx, txt, etc. E nada impede que você apenas selecione o texto, copie e cole no Word.
Já tinha ouvido falar do Scrivener há algum tempo, mas nunca tinha dedicado algum tempo ao programa. Após seus comentários, resolvi fazer o download e estudar o tutorial interativo e acredito que seja um excelente software. É claro que a ferramenta não faz o escritor, mas certamente ajuda.
ResponderExcluirObrigado Prof. Gurgel! Eu já percebi que meu processo de escrita é muito mais "espiral" do que "linear". Vou passar a usar o Scrivener sempre que for escrever!
Fico feliz por ter ajudado, André. Grande abraço!
ResponderExcluirBoa tarde, Rodrigo! Sou usuário do Scrivener e, naturalmente, um entusiasta do programa. Sempre pesquisando para aprender mais sobre suas infindáveis funções e, assim, parei no seu blog. Sou advogado e, até a leitura deste post, ainda estava preso ao pensamento linear do word, sem me dar conta - criava um arquivo diferente para o mesmo cliente em um mesmo processo, fragmentando em arquivos as diferentes ferramentas para cada petição, quando, na realidade, poderia tê-las todas no mesmo lugar. Tal qual você fez ao arquivar os seus posts, nunca havia me ocorrido até então, apesar de fazê-lo com os arquivos dentro de cada documento. Sensacional. Nada como trocar ideias. Grande abraço.
ResponderExcluirRealmente, uma ferramenta fantástica, Rodrigo! Vim parar aqui, no seu blog, por causa da leitura dos seus livros (em papel). E descobri esse processador de textos incrível. Já baixei no PC e no celular, já o explorei durante todo o final de semana. Parece que foi concebida mesmo por e para escritores. Tem praticamente tudo de que se precisa para produzir e acompanhar toda a atividade de escrita de textos longos e complexos. Todo o que o autor faz em dezenas de papeis, arquivos, anotações... agora pode ter em uma área de trabalho versátil e flexível. Só achei um pouco esquisita a formatação que ele traz do word, perdendo um pouco a referência dos parágrafos (mas talvez seja problema meu). E, se for para ser rabugento e implicante, eu diria que ele poderia ter um campo para anotar a cronologia e a sequência das cenas. Dá para fazer isso com notas, mas visualizar em modo gráfico seria "top". Imagine aqueles romances onde há vários planos temporais se intercalando! Outra coisa que muitos autores fazem é um mapa detalhado dos espaços. Mas isso já seria demais. E tem a outra deles, Scapple (também já baixei a versão de avaliação), que poderia ser adaptada para ajudar nesses aspectos. Mas foi uma ótima dica, um recurso de produtividade fantástico para o autor. Outra coisa maravilhosa é poder sincronizar com a versão do celular, podendo levar o trabalho no bolso para qualquer lugar... Um abraço!
ResponderExcluirObrigado pelo comentário, Carlos. Scrivener é tudo isso mesmo!
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