O ensaio de Paulo Prado é, como dizia Ortega y Gasset, "uma pupila vigilante aberta sobre a vida" |
No Jornal Rascunho deste mês, escrevo sobre
Retrato do Brasil — ensaio sobre a tristeza brasileira, de Paulo Prado, livro que pertence à tradição
montaigniana, isto é, anseia examinar as questões da realidade filtrando-as
numa visão pessoal, repleta de associações inesperadas e problematizadoras.
Como afirmo em meu texto, não se deve esperar, portanto, desse trabalho, interpretações que se
pretendam definitivas — mas, sim, intuições capazes de produzir no leitor o
mesmo desejo que motivou o ensaísta: não aceitar passivamente sua realidade;
ou, como dizia Ortega y Gasset ao comentar as características do ensaio, ser
“uma pupila vigilante aberta sobre a vida”.
O pessimismo de
Paulo Prado, é verdade, vibra em todo o livro. Mas, hoje, passadas quase duas
décadas de governos populistas prontos a comemorar a ignorância e tratar vícios
como virtudes heróicas, uma boa dose de visão pessimista poderia garantir um
mínimo de realismo ao Brasil.
Nenhum comentário:
Postar um comentário