novembro 07, 2014
Descobrir a voz interior
A maior dificuldade que um
escritor enfrenta é descobrir sua própria voz. Uma voz que ele modulará a cada
novo narrador, a cada nova trama. Estamos sempre ouvindo outras vozes — ou
pensando sobre como nossa voz deveria se expressar, com que inflexões, obedecendo
a quais nuances. É preciso silenciar a tagarelice da própria mente e do mundo
exterior. Sozinho, em silêncio e rodeado pelo silêncio, olhando a página ou a
tela em branco, o escritor deve enfrentar a primeira tarefa: deixar sua voz vir
à tona. Deixar ela emergir das regiões obscuras que, quase sempre, esquecemos
de visitar. Diferente do que imaginamos, contudo, não se trata de uma descida
ao Inferno. Não. Passo a passo, descobrir a voz interior é uma subida rumo a
pontos mais altos, onde o horizonte se amplia e a luz revela o que não veríamos
se estivéssemos ao rés do chão.
Ah, Rodrigo meu amigo, meu irmão! Tivesse eu ouvido essa voz lá atrás teria compreendido que quem gosta de escrever deve ser escritor, não jornalista. Mas quando fiz a minha opção fiz o melhor que podia com os recursos internos que dispunha então. Agora, aos 61, procuro sempre ouvir a opinião do menino de 9 anos que ficava estarrecido diante dos versos de Homero, na Ilíada e tentava corajosamente modelar, transpor, imitar alguns deles a seu modo. Obrigado por esse texto curto de hoje. Fez a diferença no meu dia.
ResponderExcluirFraternal abraço, meu querido Pedro!
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