Entre os nossos grandes
prosadores esquecidos — como João Francisco Lisboa e Joaquim Felício dos
Santos, sobre os quais escrevo em Muita retórica – Pouca literatura — está o mineiro Antônio Torres, autor de Verdades indiscretas (1920), Pasquinadas cariocas (1921) e várias
outras coletâneas do que ele publicava na imprensa do Rio de Janeiro, mesmo
depois de entrar para a carreira diplomática.
O texto abaixo,
de Prós e contras (1921), é modelar.
Torres tinha uma pena afiadíssima para a ironia, o sarcasmo e, muitas vezes, a
ofensa — esta, principalmente quando se referia aos portugueses, povo que era um
de seus inimigos prediletos.
Mas longe de ser
reles xingador, seu estilo é claro, enxuto, sem as gorduras da repugnante eloqüência
que emporcalha muitos dos escritores brasileiros; alguns deles, curiosamente chamados
de “clássicos”.
Vejam a
descrição do lombo assado, de fazer salivar até o mais empedernido faquir; a comparação
que abre a crônica, entre a sala acanhada e a capacidade mental do senador; e a
naturalidade para conduzir o texto até o último
parágrafo, quando encerra com humor sua lição de política. Guimarães Rosa
estava certo: Torres tem “pena e estilo sem ferrugem”.
Para aqueles que
desejarem conhecer o autor, recomendo a excelente antologia preparada pelo
diplomata Raul de Sá Barbosa, com prefácio e notas extremamente elucidativos (o
livro foi publicado pela Topbooks).
Divirtam-se com
Antônio Torres:
Brilhante!
ResponderExcluirAprendendo cada dia mais a apreciar a boa escrita e a educação clássica. Gratidão Professor Rodrigo Gurgel!
ResponderExcluirMaravilhoso! Lembrou-me Almas Mortas de Gogol. Aonde foi parar esse Brasil tão rico que ninguém conhece, Professor?
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