outubro 08, 2013
Jorge Luis Borges e o sofrimento como argila
“Um
escritor, ou todo homem, deve pensar que tudo o que lhe ocorre é um
instrumento; todas as coisas lhe foram dadas para determinado fim – e isso tem
de ser mais forte no caso de um artista. Tudo o que acontece a ele, inclusive
as humilhações, as vergonhas, as desventuras, todas essas coisas lhe foram
dadas como argila, como matéria-prima para sua arte; ele tem de aproveitá-las.
Por isso já falei num poema do antigo alimento dos heróis: a humilhação, a
desgraça, a discórdia. Essas coisas nos foram dadas para que as transmutemos,
para que façamos, da miserável circunstância de nossa vida, coisas eternas ou
que aspirem a sê-lo.” – Jorge Luis Borges (“A cegueira”, em Borges oral & Sete noites)
Bem recordado esse ensinamento do Borges, nestes dias a vitimização inviabiliza qualquer ensaio da população média compreender algum aspecto desse exercício de aperfeiçoamento moral. Os valores das massas estão orientados todos pelo pano de fundo da vitimização e pelo ridículo da histeria, assim o aperfeiçoamento é deixado para uma outra geração que desgraçadamente recebe desta as linhas mestras da covardia. E esta, a geração da promiscuidade moral, já se encarrega de boicotar as mentes das suas crias ensinando-lhes impaciências narcisistas por exemplo na fila das confraternizações familiares ou quando escolhem o lado do filho agressor nas reuniões de pais das escolas. Não sei se as artes já se encarregaram de batizar este homem incapaz de compreender esta lição de Borges, seria interessante algo nesse sentido porque a covardia vitimista como paradigma necessita ser denunciada e ridicularizada nos mesmos moldes que os pseudo humanistas coletivistas o fazem em seus discursos contra qualquer crítico independente que se lhes cruzem.
ResponderExcluirPronto! Esse pensamento, agora, virou meu ponto de partida diário! Obrigado, prof. Rodrigo por compartilhar essa maravilha!
ResponderExcluirFlavio Barbeitas