outubro 24, 2013

Homens ocos – em T. S. Eliot e Joseph Conrad

O anúncio da morte de Kurtz, que Eliot utiliza como epígrafe do longo poema “The Hollow Men” (“Os Homens Ocos”), proclama que, finalmente, o personagem emudeceu. Os que leram O Coração das Trevas, de Joseph Conrad, devem se lembrar da eloqüência de Kurtz, da forma como repetia os possessivos, acreditando-se dono de tudo – ele, “sombra insaciável de aparências esplendorosas e aterradoras realidades; sombra mais escura que as sombras da noite e envolta nas dobras de uma deslumbrante eloqüência”, conta-nos Marlow, o narrador.

Kurtz é um dos homens ocos, um “elmo cheio de nada”, como escreve Eliot no início do poema:
Mas de que tipo de vazio fala Eliot? Marlow nos conta qual o vazio de Kurtz: “Tanto o amor diabólico quanto o ódio sobrenatural dos mistérios em que havia penetrado disputavam a posse daquela alma saciada de emoções primitivas, ávida de glórias enganosas, de falsas honrarias, de todas as aparências do sucesso e do poder”. Na verdade, o vazio é apenas uma metáfora para definir a abundância das coisas inúteis, o excesso de tudo que representa opulência, mas que transforma os homens em seres “empalhados”.

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