agosto 31, 2013

Machado de Assis: sob a forma livre, amargo e perverso

Chega a ser desolador como as teorias lingüísticas, de braços dados com o marxismo, desvincularam a literatura da realidade. Quem, hoje, escreveria páginas semelhantes a essas, que coloco abaixo, de José-Maria Belo, sobre Machado de Assis? Quem teria coragem de dizer que, à parte o estilo límpido, à parte a linguagem que corresponde perfeitamente à trama, o Bruxo do Cosme Velho, como dizia Manuel Bandeira, tem “o gosto doentio de espiar o sofrimento alheio. E a psicologia dura, derrotista, insultante de quase toda a obra”?

Nos trechos a seguir, retirados do livro Inteligência do Brasil, ressurge o Machado de Assis esquecido, o Machado que estruturalistas & Cia. querem que nós esqueçamos: “Sempre o móvel egoísta, e ainda que limpo, inconfessável. [...] Um monstro. Um monstro que não fazia mal a ninguém, que nunca haveria de fazer mal a ninguém, mas não obstante um monstro”, como dizia Manuel Bandeira, sem medo de contrariar nossos críticos e acadêmicos niilistas.



4 comentários:

  1. É isso! O discernimento faz distinguir o que é, e o que dizem que é. O que esperar de quem fundou a ABL? Apenas uma "aparência" de gênio... Mas uma inteligência apenas corrosiva...

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  2. Está na crônica “Antonieta Rudge”, no volume "Crônicas inéditas – I", Editora Cosac Naify.

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  3. Professor Gurgel, sou aluno do Mestrado em História da UFU, hoje vejo pela leitura que faço dos trabalhos dos amigos sobre o Machado de Assis é que todas estão presas nas leituras ora do Sidney Chalhoub ora do John Gledson e não se pode, aliás eles, os alunos que pesquisam o Machado, não podem pensar fora desses dois autores. Enviei sua leitura do Rascunho a alguns deles e também essa do José -Maria Belo. Bem, gostaria apenas de perguntar por fim o que o sr. tem a dizer sobre a leitura proposta pelo João Cezar de Castro Rocha à obra do Machado e o que o sr. acha dele como crítico? Abraços

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