dezembro 29, 2012

“Onde a moderação é um erro, a indiferença é um crime”

A síntese da ética jacobina – e, portanto, da ética esquerdista – foi elaborada por Sébastien-Roch-Nicolas de Chamfort e permanece insuperável até hoje: “Seja meu amigo – ou eu te matarei”. Pude experimentar o acerto dessas palavras nos últimos três meses, período em que lutei, apesar da má vontade de uma minoria, pela prevalência do verdadeiro.

Graças à lucidez da Folha de S. Paulo, os fatos começaram a ser esclarecidos antes mesmo que eu pudesse me manifestar, em dois textos: “Crítico tido como severo é jurado ‘C’ do Jabuti” e “Rodrigo Gurgel, o jurado ‘C’, pagou o pato das gambiarras do regulamento”.

Quando, finalmente, encontrei-me livre para falar, expus meus critérios, também na Folha de S. Paulo, no texto “Depoimento: Jurado ‘C’ explica nota zero dada no Jabuti”.

Logo depois, numa breve entrevista – “Jurado C do Jabuti: ‘Não tentei manipular o resultado’” –, detalhei algumas questões.

Mas nas duas entrevistas seguintes – “‘Meu voto não foi maquiavélico nem quixotesco’, diz Rodrigo Gurgel” e, principalmente, “‘O sistema literário brasileiro está doente’, afirma jurado ‘C’ do Jabuti”, diálogo mantido com o editor do Caderno Ilustríssima da Folha de S. Paulo, jornalista Paulo Werneck – é que pude ir além da questão das notas, à qual se apegaram alguns, para falar dos problemas e deficiências subjacentes em nosso sistema literário, parcialmente revelados pela polêmica.

 
O melhor fecho à polêmica foi publicado em 23 de dezembro, na Folha de S. Paulo: “A luta de James Joyce para reter o presente”, ensaio no qual pude não apenas colocar em prática minha hermenêutica – como faço desde 2006 no Rascunho e, em algumas oportunidades, na Revista Sibila –, mas defender, novamente e de maneira incansável, o que Georg Christoph Lichtenberg afirma: “Onde a moderação é um erro, a indiferença é um crime”.

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