novembro 03, 2012
À disposição do fogo
“Sei o quanto é
árduo. Para alcançar um estado de ânimo profundo e sincero há necessidade de
algo. São tantas as pequenas cruzes que nos impedem de alcançar a nudez e
a verdadeira essência da nossa visão. Parece bobagem, não? Penso com frequência que
se deveria poder rezar antes de trabalhar, e depois confiar tudo à graça de
Deus. Que coisa árdua, realmente, que difícil trabalho conseguir chegar ao
corpo a corpo com a própria imaginação, lançar tudo ao mar! Sinto-me sempre
como se estivesse nu e à disposição do fogo que o Onipotente fará fluir através
de mim: sensação um pouco assustadora. Deve-se possuir tal religiosidade para
ser artista! Penso muitas vezes no meu caro São Lourenço, preso à sua grelha,
quando disse: ‘Virem-me para o outro lado, pois este já está cozido’.”
– De uma carta de D. H. Lawrence a Ernest
Collings
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